O nome desta rubrica é mesmo para se levar a sério, visto que o tipo de horário laboral que eu tenho não me permitir muitas das vezes ver um filme de fio a pavio (quanto mais ler um livro... sim, Martinha, este à parte foi para ti e desculpa eu estar a demorar tanto tempo a ler o livro que tu gentilmente me emprestaste, mas tu bem sabes que a primeira fila do meu coração será sempre os 24 frames por segundo), lá tenho que me sujeitar a vê-los às prestações... O que por sua vez resulta numa pilha acumulada de DVDs que parece não ter fim e estar sempre a aumentar feita Torre de Babel!
Bem, mas vamos ao que interessa. Sim, ando a (re)ver, ou melhor a debicar, o grande e completamente devasso LA GRANDE BOUFFE, do saudoso Marco Ferreri. Os sortudos que tiveram a benesse de assistir às grandes programações de cinema da "antiga" RTP2 sabem bem do que estou a falar. É daqueles filmes que nunca mais se esquecem uma vez visionados, ou melhor neste caso, degustados. Porque o filme é mesmo acerca disso: comer, comer e comer ainda mais. É a história de quatro amigalhaços com tendências exacerbadas para o deboche que se encerram um fim-de-semana num casarão algo estranho para darem azo a toda uma série de exageros.
Pensando bem, só mesmo um italiano para realizar um filme como este, visto que eles todos trazem bem escondidinho no seu ADN todo um historial de orgias, bacanais e vomitoriums. Oh, yeah. Diga-se de passagem que este filme dificilmente se poderia fazer nos dias de hoje: os vegetarianos teriam um treco mal vissem serem cozinhados e posteriormente comidos com tanto prazer tamanha variedade de bichos, as feministas ter-se-iam revoltado em massa com a maneira "rebaixante" como as mulheres são retratadas, já para não falar da Liga da Moral e dos Bons Costumes (sim, meus amigos, ainda as há) que sofreria um colapso em colectivo perante tal espectáculo degradante.
Escusado será dizer que o filme foi todo um "succés de scandale" que os franceses tanto gostam e o que é certo é que ainda hoje é um filme difícil de digerir... Que o digam os 4 personagens principais.
A capa que vêm à vossa direita pertence a um single que foi lançado na altura com o tema principal do filme nos seus dois lados, mas em versões diferentes (um deles interpretado ao piano por um dos actores, o Michel Piccoli). O compositor foi aquele grande senhor que respondia ao nome de Philippe Sarde, que entre outros, compôs grandes bandas sonoras para 2 filmes de Polanski: THE TENANT e TESS. É daquele tipo de instrumentais que andam a bailar na nossa cabeça durante todo o dia sem nos apercebermos. Delicioso.
Bem, mas chega de alusões gastronómicas. Deixo-vos com o trailer da besta em questão e com um até breve.
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O que eu ando a ver...
sexta-feira, 17 de abril de 2009
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