The Fall

Uma fábula em forma de filme. Um sonho capturado em celulóide. Grandes superlativos, já vos vejo a pensar. Mas mais do que merecidos.

Tarsem Singh, o mesmo realizador de THE CELL (o tal filme com a J LO) assina aqui uma das obras cinematográficas mais visualmente puras e depuradas de que há memória. Filmado em mais de 40 países, Tarsem foi capaz de captar com a sua visão imagens icónicas dignas de serem apresentadas em museus. Em cada frame há magia e deslumbre e o desenlace final é dos mais tocantes que já tive o privilégio de presenciar.

Saimos do filme quase em êxtase, em grande parte devido à acumulação visual de tão belas imagens, que se sucedem umas às outras quase em catadupa. A palavra chave aqui é mesmo "magia" e grande parte dela sai também dos personagens principais: Lee Pace, o moçoilo da série PUSHING DAISIES, preenche o écrã com o seu enorme carisma e beleza e Catinca Untaro (uma revelação!) desarma-nos com a sua inocência de criança, fazendo deliciosos pas-de-deux com Pace ao longo de todo o filme. Raras vezes um não-actor (é o primeiro filme de Untaro, uma menina de famílias pobres) foi tão exímio na composição da sua personagem.

É incrível como este filme teve tantas dificuldades na sua distribuição. Só algumas salas de cinema dos Estados Unidos é que o exibiram. Não porque as outras se negassem. O filme é que era demasiado artístico para o americano comum e simplesmente a distribuidora não sabia como promovê-lo. Foi só quando Spike Jonze e David Fincher emprestaram os seus nomes para dar credibilidade ao filme (podem abanar as cabecinhas à vontade que eu dou-vos toda a razão) que ele começou a fazer carreira. Felizmente, o mercado home video encarregou-se de fazer o resto da divulgação.

A história não vos conto para não a estragar nem um pedacinho. Deixo-vos somente o trailer para vos aguçar o apetite.