La Madre Muerta

segunda-feira, 11 de maio de 2009


Como diria um certo cantor, "eu tenho dois amores". No cinema, isto é. Não é novidade nenhuma que eu sou um otaku por tudo que é cinema japonês. Digamos que é a minha "loira". Já a minha "morena" é o espanhol. O cinema, entenda-se.

É impressionante a quantidade de filmes com qualidade que os nossos colegas aqui do lado debitam anualmente. Bem hajam, digo eu. Pudera o nosso cinema nacional ser assim tão interessante. Mas acho que todos já perdemos a esperança que isso alguma vez venha a acontecer. E não me chamam de miserabilista ou anti-patriótico: estou mesmo a ser friamente realista em relação ao que acabei de escrever. Mas vamos ao que interessa.

LA MADRE MUERTA é um filme do basco Juanma Bajo Ulloa. Quem?, perguntam vocês. Exactamente. Eu também nunca tinha ouvido falar do senhor. Mas olhem que se calhar é melhor decorarem mesmo o nome porque estamos a falar de uma grande voz no panorama cinematográfico espanhol. Assinando aqui um thriller de alto gabarito, com interpretações luminosas de Karra Elejalde e de Ana Alvarez, estamos perante um objecto que suscita admiração por parte de quem o vê devido à sua extremamente bem cuidada execução e polémica temática: um assassino que se vai ver a braços com o seu passado, anos depois de ter matado a mãe de uma menina que, entretanto crescida, vai cruzar o seu destino com o dele.

Há alturas que certos planos e tracking shots nos fazem lembrar Dario Argento no seu melhor. Mas, enquanto que Argento pouca emoção continha nos seus filmes dando muitas vezes primazia à parte técnica deixando de lado a interpretação, já Ulloa concilia o melhor desses dois mundos. O resultado final é, assim, altamente satisfatório para o espectador.

Estou agora muito curioso para ver ALAS DE MARIPOSA, o filme que fez exactamente antes deste e mais uma história que anda à volta de uma mãe. Juanma Bajo Ulloa. Decorem.