Trilogia Terminator

quarta-feira, 3 de junho de 2009


Terminator 2: Judgment Day é o meu filme favorito. Por essa razão o texto que se segue não terá por base uma visão crítica livre de preconceitos, mas sim a paixão. Haverá bitaites e palavras que, apesar de escritas, se fossem ditas seriam ditas entredentes. Pela minha falta de imparciadildade as minhas desculpas, mas é assim que é e vem do coração. Cá vai.

Desde o início dos tempos a espécie Humana receia o desconhecido. O desconhecido já foi muitas coisas, mas o nosso desconhecido actual é o mesmo desde o século XVII: o que iremos provocar com as nosas acções. Desde Frankenstein e Dr Jekyll & Mr Hyde (medicina), passando pelo Godzilla e zombies (acidentes nucleares), aos mais recentes medos (interferência na natureza - filmes catástrofe), a ficção científica serviu sempre de alerta ao que pode vir, pondo o pior cenário. A questão dos filmes catástrofe neste saco é discutível, concordo, e é um assunto que abordarei noutro post. Dos filmes acerca de inteligência artificial, os três grandes serão a saga Matrix, A.I. de Steven Spielberg e a saga Terminator. Cada um vai na sua direcção e nenhum mostra o futuro cor-de-rosa, quer para nós quer para as máquinas.
Na saga Terminator temos a mais credível explicação daquilo para que os humanos servem, aos olhos das máquinas: nada. Algures ao longo do caminho é indicado que os humanos são usados para tratar dos cadáveres de outros humanos. Ainda assim, é trabalho que uma máquina faça de forma mais eficiente.

Em 2029 é enviada ao passado uma máquina, mais precisamente a 1984 (para ser picuinhas, a 12 de Maio de 1984) a Los Angeles, onde reside uma Sarah Connor que será mãe de John Connor, líder da resistência humana. A missão é simples: arranjar uns trapos para que os humanos não se dêm conta de nada estranho e matar uma mulher desprevenida. Conseguindo o sucesso, encostar-se a uma rocha num sítio remoto e aguardar o futuro (isto sou eu a acrescentar, não são revelados os planos do T-101 do que fazer após cumprir a missão e não me recordo se a bateria dele aguenta tanto). A informação de que o Terminator dispõe não é muita: o alvo chama-se Sarah Connor e reside em Los Angeles, como tal há que recorrer à lista telefónica e começar a matança pela ordem lá apresentada. A Sarah Connor a eliminar felizmente é a última da lista mas para seu azar deixa uma mensagem no gravador de chamadas de sua casa, daqueles catitas de cassette que fazem a casa toda ouvir a mensagem, precisamente quando o Terminator acaba de chacinar a sua room-mate e respectivo namorado. Não fosse isto estava safa. Como moça despreocupada que ela à altura ainda era, os documentos de identificação que deixa na gaveta fazem com que o Terminator agora conheça a sua cara, além da localização já que ela a dá na mensagem. Vale-lhe a ajuda doutro fulano que veio do futuro em pêlo, o sargento Kyle Reese (Michael Biehn, que entra na outra grande saga sci-fi Alien). No final do filme há um nó cerebral (ou ecran azul, ou tilt) daqueles que histórias com viagens no tempo costumam provocar: se o Kyle Reese não tivesse sido enviado ao passado não havia John Connor como tal o Kyle Reese não seria enviado ao passado e a Sarah Connor não teria sobrevivido *ECRAN AZUL*
Deve ser por isso que o 2º Terminator existe.


Em 1995 a Sarah Connor já sabe que a guerra Humanos-Máquinas explode a 29 de Agosto de 1997. O nó cerebral causado pelo 1º filme começa a fazer sentido: se o Kyle Reese não tivesse sido enviado ao passado tudo seria diferente. Entre outras coisas, não teria ficado perdido um braço de Terminator e o seu chip em instalações da Cyberdyne Systems, que desenvolve a Skynet, a que se pode chamar a mãe dos Terminators. Portanto, o que acontece no 1º filme é o que tem que acontecer. Mas se assim não tivesse sido, nunca existiriam Terminators. Isso é outro nó.

Após os eventos de 1984 a Sarah Connor deixa de estar para brincadeiras. Se no final do 1º filme já anda de Pastor Alemão atrás para dar sinal mal apareça um Terminator, no Terminator 2: Judgment Day sabemos que andou pela América Central em autêntico treino militar com o filho antes de tentar rebentar com uma fábrica e ir parar a uma mental institution, de nome completo Pescadero State Hospital for the Criminally Insane. Agora estamos em 1995, com o John Connor em dúvida quanto ao que a mãe lhe contou do futuro, a mãe a tentar escapar de onde está e surge mais um Terminator em pêlo para pôr as coisas em ordem. Este não é só extremamente eficaz, também é mau como as cobras, quase cruel. Este filme tem mais história do que eu consigo escrever, e como fã absoluta não quero deixar nada de fora. Assim sendo não vou nem tentar, vou apenas enumerar as minhas trivialidades favoritas do filme:

- O salto de crescimento do Edward Furlong (aquilo de crescer 20 cm em uma semana que acontece aos tweens) deu-se durante a filmagem do filme. Se visto com atenção, nota-se que em algumas cenas o John Connor parece um rapaz de 9 anos e noutras um de 15. Sempre em estilo na t-shirt de Public Enemy e camisa de flanela.

- Nas duas cenas do filme em que o indivíduo real se cruza com o Terminator a mimetizá-lo - duas Sarah Connor a chamar John Connor e o segurança da mental institution junto à máquina de café a cruzar-se com o Terminator saído do chão quadriculado - foram feitas com gémeos. Sim, a Linda Hamilton tem uma irmã gémea, que ao que consta é enfermeira. Isto é um factóide!

- Não é coincidência o Terminator 101 (modelo Schwarzenegger) andar no centro comercial com a caçadeira dentro de uma caixa de rosas e a música dos créditos finais ser dos Guns n' Roses. É mesmo um piscar de olho.

- A frase da Sarah Connor 'No fate but what we make', na sua versão completa 'No fate but what we make for ourselves', era usada numa versão alterada como, digamos, motivação no programa de treinos e dieta que a actriz Linda Hamilton seguiu antes e durante o filme para ficar com aquele físico brutal (-mente hot): No fat but what we make for ourselves.


No Terminator 2: Judgment Day a história fecha. Cyberdyne Systems destruída, modelos T-101 e T-1000 (Robert Patrick) destruídos sem deixar rasto, fora o rasto de destruição, e o futuro está salvo. Não deixa uma ponta solta, a história está completa e selada. Aqui já estamos numa realidade alternativa, que começou provocada por um futuro inevitável que agora se evitou mesmo. A História teve outro rumo, estamos salvos. Ou será que não?
Talvez por essa razão, foi feito o Terminator 3: Rise of the Machines. Not my cup of tea, desagrada-me por várias razões, e as principais são o downgrade que o Terminator deste filme é face ao T-1000 e a mariquice do John Connor.
Há algumas coisas no filme que me agradam, ei-las: desempenho Kristanna Loken como T-X. Tudo o que a personagem tem de bom ela fez na perfeição. O que tem de mau é culpa do argumento, não da Kristanna;
Judgment Day realizado. Um bom final para um mau filme, apesar de agora nunca mais podermos pensar que os eventos da saga são reais, só nunca chegaram aos nossos ouvidos;
Ser o último filme do Schwarzenegger antes de ser governador. Seria como o John Travolta fazer mais um filme do Chilli Palmer antes de se retirar. É sair em grande;
Presença do Dr. Silberman, aquele que no 1º filme está na esquadra e diz que o Kyle Reese é louco, no 2º diz que a Sarah Connor é louca e não pode passar à segurança mínima e no 3º se prepara para dizer que personagem da Claire Danes é louca, até ver o T-101 e desatar a correr pela vida;
Nota positiva também a Claire Danes a metralhar desvairada uma máquina voadora e ao título do filme. Bestial. Fora isto, o resto é caca.


Vi apenas pedaços de um par de episódios da série The Sarah Connor Chonicles, portanto não tenho qualquer base para poder comentar o seu conteúdo. Creio que quando há uma série de filmes à volta dos mesmos personagens se pode chamar-lhes uma saga. Entrando pelas séries torna-se adequedo usar o termo (outrora prejorativo) 'franchise'.

Aguardo a estreia do 4º da série, que é amanhã. Pelo que vi - aqueles malditos trailers revelam demasiado, diga-se - está tudo bem encaminhado. Espero que seja um grande filme que compense o anterior. E que não haja mais.