The Boy Friend

terça-feira, 21 de julho de 2009


Espaços como este são mesmo para isto: para promoção e divulgação. Pois é isso mesmo que eu vou fazer agora com a carreira do realizador britânico Ken Russell.

Enfant terrible, artista maldito, patrono do mau-gosto, já foi apelidade de tudo isto e muito mais. O que é certo é que hoje em dia, já com mais de 80 anos, ainda continua a ser relegado pela crítica e pelo mundo do cinema em geral como alguém com um gosto duvidoso e com uma estética de cinema histérica e foleira. Tudo isto não poderia estar mais longe da verdade. Russell é talvez o derradeiro exemplo da excentricidade britânica no seu melhor, um esteta visual de primeira-água e alguém que compreende o meio visual melhor do que muitos que se julgam também eles realizadores. Nos seus filmes era capaz de criar imagens icónicas com a facilidade de um autêntico virtuoso e de marcar indelevelmente as memórias cinematográficas de quem teve a sorte de visionar os seus filmes mais marcantes.

Hoje vou-vos falar de um que ainda nem sequer está disponível para DVD embora tenha todos os requisitos para ser um best-seller: tem Twiggy no papel principal, é um musical com canções belíssimas e com momentos de diversão pura, o director's cut existe e quem tem os direitos de distribuição é a poderosa Warner. Do que é que eles estão à espera para lançar este filme no formato digital, não me perguntem. Talvez que o seu autor entretanto morra? Esperemos que o eventual lançamento em DVD aconteça ainda antes dessa hora fatal. Especialmente quando é do conhecimento público que Russell não se importa mesmo nada de ajudar na promoção dos seus filmes, como aconteceu recentemente com a gravação de uma comentário audio para o lançamento do DVD de LISZTOMANIA.

Este encantador filme é uma livre adaptação do musical de palco de Sandy Wilson, passado nos loucos anos 20 e com um enredo muito parecido com muitos filmes que eram feitos na altura: rapariga encontra rapaz, apaixonam-se embora nenhum dos dois o saiba exactamente, fazem-se passar por pessoas que não são, até que no final, todos os mistérios e paixões são desvendados. É claro que acaba tudo bem e em cantoria, como convém. Mas o trunfo maior deste filme é mesmo a magia visual que Russell impregna no celulóide. Chamada de especial atenção para os momentos musicais absolutamente delirantes onde Russell presta homenagem a cenas antológicas de outros filmes. Quem gosta de Busby Berkeley vai apanhar uma agradável surpresa.

Fiquem com o trailer e se ficaram com curiosidade consultem as programações porque recentemente tem passado no TCM. Estão avisados.