Brüno

quarta-feira, 29 de julho de 2009


Admito que estou chocado. Não pelo filme em si. Disso, já eu esperava e ficaria chocado, sim se não ficasse chocado no fim, desculpando a rima. Estou chocado é com a reacção da crítica portuguesa em relação ao filme e também de alguns famosos bloguistas.

Pensando bem, não é novidade nenhuma que os críticos portugueses não tenham gostado do filme. É "bem" dizer mal de uma comédia como esta que ofende todos os gostos, até os mais permissivos (incluam-me nestes últimos). Realmente, seria um choque ver os doutos críticos de um qualquer jornal diário de grande tiragem atribuir 5 estrelas a BRÜNO. Não lhes ficava nada mal. Eu até aplaudia. Sempre era um pouco diferente do que vê-los a dar 5 estrelas sem pensar a qualquer filme que o Clint Eastwood lance cá para fora. Mas, convenhamos: estamos em Portugal e não há população suficiente para as opiniões marginalizadas terem força. Há que pertencer aos "bons da fita".

Já me espanta é ver a reacção indiferente por parte do público que escreve sobre cinema porque REALMENTE gosta de cinema. E não me venham com tretas a dizer que BRÜNO não pode ser considerado cinema, porque não obedece aos requisitos fundamentais, nem segue as regras, nem o raio que o parta, porque aí eu digo que "aquilo" que o Tarantino anda para aí a fazer é que não pode ser considerado CINEMA! Mas não entremos por aí.

Como é que alguém não pode gostar de um tipo que tem os tomates para ir ao Médio Oriente vestido de bichona fashionista e provocar distúrbios na rua? Como é que ninguém pode gostar de alguém que traz um bebé numa caixa de papelão da África para a América e o adopta e não ver a surreal ironia por trás de tal vil acto? Como é que alguém não gosta de ver um gajo que nos mostra sem pudores e sem medos o quão vácuas as celebridades de hoje em dia são? Já para não falar de toda a indústria que por trás se aproveita delas, passando o trocadilho...

Sacha Baron Cohen é um génio da comédia e o gajo com maior lata que eu já vi no cinema. BRÜNO é a comédia que os tipos do Jackass sempre quiseram fazer, mas nunca conseguirão porque não têm miolos suficientes para tal. Se gostaram do anterior BORAT, este novo opus de Cohen consegue ser, pelo menos, tão bom. Senão, melhor ainda. Visionamente obrigatório.