Kamikaze Girls

domingo, 19 de julho de 2009


Eu não costumo ter problemas nenhuns em admitir que gosto de cinema populista, trash ou com uma boa dose de "camp". No cinema (e na grande maioria das artes também) não se pode ser elitista, senão podemos estar a passar ao lado de uma enorme fatia de filmes com grande qualidade de entretenimento. A sabedoria está em saber escolher entre bom trash e mau trash. E isto requer empenho e pesquisa.

O caso muda de figura quando nos deparamos com este OVNI japonês (sim, mais outro) e ficamos sem saber em que pé ficamos. O problema neste caso nem é bem se isto é bom ou mau trash. Não. O problema é admitirmos perante toda a gente que gostamos a sério deste filme. MEEEESMO A SÉRIO! Sim, especialmente tendo em conta que este filme foi feito para o mercado feminino. Mas não há como não gostarmos deste delirante KAMIKAZE GIRLS. Posto isto, vamos ao filme em si.

Protagonizado por 2 estrelas pop armadas em actrizes (com resultados excelentes em ambas as partes), temos a história de uma amizade improvável entre uma Lolita cujo sonho era ter vivido em Versailles no tempo da monarquia e que passa o seu tempo entre bordados e viagens à cidade grande para visitar a sua loja de eleição - Baby The Stars Shine Bright - e uma rocker barulhenta, com ar de dura e muito limitada intelectualmente, por assim dizer. Os cenários prováveis e improváveis imaginam-se e acontecem perante os nossos olhos esbugalhados e queixos ao dependuro. Há de facto situações muito engraçadas e momentos que só os nipónicos nos poderiam oferecer.

A enorme mais-valia do filme é a maneira como esta história (que acaba bem, como não poderia deixar de ser, embora comece muito mal) é contada: com cores muito garridas, uma montagem digna dos melhores video-clips e com situações que só fariam sentido se vistas num qualquer anime. E não falta a batalha final entre raparigas para júbilo da rapaziada. Como estão a ver, é quase impossível não gostarmos deste filme. Mas tentem lá admitir isso numa conversa estritamente masculina...! Eu agora não tenho problemas - e vocês?