Alguns Maus da Fita de provocar arrepios

domingo, 11 de abril de 2010


Estamos quase a fazer um ano de existência. Vou tomar a liberdade de dar o pontapé de saída a uma semana de celebração, e que melhor forma de celebrar o Maus que com uma pequena homenagem a Maus?
Não é um top, porque é uma partilha dos meus pavores, e nisto de medos não há como dizer que um é mais medonho que outro. Ei-los:

Eugene Tooms (X-Files temporada 1 - episódios #3 "Squeeze" e #21 "Tooms")


Nos tempos idos em que a TVI era um canal novo especulou-se que o canal deixasse de existir devido às fracas audiências. Antes de se ter tornado o canal mais visto - na altura do Big Brother, em 2001 - e de se ter dedicado quase exclusivamente às telenovelas e talk-shows, mantendo agarradas à televisão as senhoras com mais idade, o trunfo da TVI eram as boas séries, que nos anos '90 eram exibidas em horário nobre. A série que manteve a TVI viva durante algum tempo, série à qual depois se juntaram outras de qualidade, foi Ficheiros Secretos. Eu era tween na altura e via-a religiosamente, apesar de aquilo me afectar o sossego no fim-de-semana que se seguia (era transmitida à quinta ou sexta-feira, disso não me lembro com precisão). O episódio que mais me afectou, de tal forma que já tendo passado a casa dos 20 ainda às vezes tomava duche em sobressalto se ouvia algum barulho no exterior, foi um dos com o Eugene Tooms.
A personagem apareceu pela primeira vez no terceiro episódio da primeira temporada e voltou ao vigésimo-primeiro (o que eu vi). Era um fulano mutante de ossos e músculos extensíveis que conseguia passar por sistemas de ventilação apertados - sanitas (daí o meu pavor, you see) - que passava quase toda a sua existência a hibernar. Acordava de 30 em 30 anos para comer fígados humanos e voltava à toca para hibernar mais 30. A descrição dos episódios está aqui e aqui. Para quem queira rever, ou ver pela primeira vez, os episódios estão disponíveis pela net a partir de um simples clic. Na Amazon, sem trafulhices.

Hillbillies (Deliverance; Calvaire; The Hills Have Eyes; etc.)

Pavorosos - porque existem, em todos os países do mundo. Ainda acerca de X-Files, num episódio (temporada 4 - episódio #2 "Home") os não-consanguíneos Mulder e Scully investigam uma família de Hillbillies que se diz serem simultaneamente irmãos, primos, filhos, pais e avós uns dos outros que vivem como nas zonas rurais do E.U.A. se vivia no início do século XX, sem água canalizada, à luz das velas e por aí fora. No final do episódio encontram a única mulher da família, sem braços ou pernas, enfiada debaixo na cama em cima de uma tábua com rodas. Eis o que diz a Wikipédia: ""Home" was inspired by a tale in Charlie Chaplin's autobiography, about the time he stayed at a tenement home while touring in a British musical theatre. After dinner, the family took him upstairs to meet their son - and pulled him out from under a bed. The son had no arms and legs and flopped around while they sang and danced. Glen Morgan read the story and decided to use the incident.". Erghh...

Onryō (Ju-On; Chakushin Ari; Ringu; etc.)

Atrás da porta encostada, debaixo da cama, ao virar da esquina, no banco traseiro do carro, no andar de cima - pode estar um ju-on à espera. Estas pessoas que morreram enfurecidas e/ou injustiçadas voltam devagarinho. Pode ser para se vingarem de quem lhes fez mal ou para aplicar a vingança em qualquer um que se cruze no seu caminho. Tal como nas histórias clássicas japonesas, quando sabemos a história toda ficamos com um ponto de interrogação sobre a cabeça (as histórias para crianças não são daquelas em que a moral da história é clara, às vezes até parece que o que a lenga-lenga diz é para praticar o mal). O que é claro é que o ju-on não quer a amizade de quem encontra, quanto muito pode querer à força o amor de alguém (como em Honogurai Mizu No Soko Kara / Dark Water). Os filmes com estas criaturas demoníacas colam-me ao ecrã mas procovam-me uma reacção histérica igual à que tenho quando vejo uma aranha daquelas de rabo gordo e pernas enormes e fininhas. Assim tipo... guinchos, vá...

Criaturas marinhas (Dagon; Pirates of the Caribbean; etc.)

Sou nascida e criada na cidade. Escuridão absoluta não é para mim. É assim que se vive lá embaixo - no escuro, no frio, entre os seres bizarros das profundezas dos oceanos. Quanto mais se desce mais estranho fica, e para os meios de que nós - macacos verticais sem pêlo - dispomos actualmente, muito dos oceanos fica por explorar (absolutamente positivo do ponto de vista ecológico, mas isso é outro assunto). Apesar de citadina vivo perto da água e não sei se é do ar salgado ou do nevoeiro gelado mas quando oiço histórias de pescador - por assim dizer - acredito naquilo tudo. Porque não acreditar? Não há como comprovar que é mentira. Seja o velho Adamastor, as enganadoras sereias ou o aterrador Cthulhu, tudo é possível.

Espelhos (Mirrors; Poltergeist III; etc.)

Outro coisa que me causa pavor são espelhos. Embora os espelhos sejam amigos, impedindo-nos de sair de casa fazendo uma triste figura, há tantas histórias com o que se pode passar do outro lado do espelho, que acho que é inevitável mais cedo ou mais tarde uma pessoa pôr-se a pensar "porque não?". Fazia isso de forma totalmente inocente até ter visto o Poltergeist III. O primeiro da série não me afectou, o segundo não vi sequer, já este malandreco apesar de me ter parecido um comum filme série B afectou-me a sério. O filme Mirrors (de 2008) volta a tocar no mesmo ponto sensível. Agora já tenho medo que saia um homem da sanita, que um jo-on me ponha a mão na cabeça durante o banho e que haja um demónio no espelho. Ficção, só te falta encontrar um monstro para o bidé.  

Zombies (28 Weeks Later; Day of the Dead; etc.)

Já disse que sonho recorrentemente com zombies? Foi-me dito recentemente que está relacionado com a rapidez dos frames do 28 Days Later, até pode ser, mas estes sonhos começaram após ter visto o aflitivo 28 Weeks Later. Basta-me um vão de escada deserto, dar um passeio nocturno no nevoeiro ou falhar a electricidade que vem o pensamento. E se estiver toda a gente morta - ou pior, e se estiver toda a gente meio-morta e me quiserem tirar um naco de carne? Onde está a minha família e amigos? E se querem fazer mal ao cão?  Fujo? Para quê e para onde? Espero que nunca chegue esse dia.