Jennifer's Body

domingo, 25 de abril de 2010


Não há muitas coisas que me façam ficar sem palavras. Especialmente filmes. Mas ao acabar de ver Jennifer's Body dei por mim atordoada. Que raio?
Quando comecei a conseguir processar o que vi - ainda estou a fazê-lo - não me foi difícil chegar à conclusão mais simples. Não gostei, e não gostei por muitas razões. Por momentos, até achei uma decisão acertada não ter sido exibido em sala senão no Fantasporto. Algum processamento depois concluí que foi uma má decisão.

O que o Jennifer's Body tem em boa quantidade são referências a outros filmes. Uma coisa à Quentin Tarantino, que é um dos meus... despreferidos, digamos assim. O homem tem uma legião de fãs que acreditam na sua genialidade, que alegremente pagam bom dinheiro para ver coisas-que-já-viram-mas-agora-querm-ver-pelo-ponto-de-vista-do-Tarantino. Porque há de ser diferente com a Diablo Cody?

Após chegar a esta conclusão decidi continuar na busca da compreensão daquele trabalho. Puxei pela memória, recordando-me duma entrevista dela à revista Empire (creio), em que dizia a Diablo que nos filmes de terror para adolescentes o mais próximo de vilão que uma rapariga podia ser, era ser uma rapariga-má. Não a assassina, mas frequentemente a primeira a ser assassinada, castigada pela má vida que levava. Nas heroínas, existem a raparigas-boas, que ou por sorte, ou pela extrema bondade, ou por serem ajudadas lá se conseguem safar. É tudo verdade. Por isso decidiu a Diablo Cody fazer um filme com uma vilã relamente má, má-rapariga e má-demónio, e com uma heroína boa, boa-rapariga e boa-sem-estar-com-meias-medidas.
É no entanto um pouco triste que para apreciar um filme se tenha que pensar no que está por trás do filme, sem ter ou ser o próprio filme razão suficiente para apreciar.

O hype à volta da Diablo Cody foi mais do que o justificável. Houve mais fumo que fogo, e quando se espera um filme de génio (como o que eu esperava ao ver Juno, que embora não sendo genial é adorável), qualquer coisa a menos que isso é uma decepção. Espero que no próximo filme dela haja menos conversa (acerca dele) e mais acção (boa história).

Como disse a Peaches acerca de uma banda cujo nome já não me lembro mas é ao estilo rock anos '70, pode haver uma altura na tua vida em que tenhas que decidir entre ser original ou ser genuíno.
Foi um filme genuíno escrito por uma mulher genuína.
Mesmo assim, continuo a não gostar.