Top 10 filmes: Meryl Streep

domingo, 15 de agosto de 2010


Eu já me devia este Top há muito tempo. Meryl Streep é de longe a melhor actriz contemporânea a trabalhar no cinema e alguém que me tem acompanhado nestes meus anos todos de cinefilia e que me tem dado infindáveis alegrias. Assim posto, sou eu que lhe devia este Top há muito tempo. E como ela de 1 a 10 é um perfect 10, aqui ficam as minhas 10 escolhas.

10º: The French Lieutenant's Woman de Karel Reisz


Aqui começou a minha fase de namoro com Streep. Era eu ainda petiz e lembro-me perfeitamente de ter visto este filme no chão do quarto dos meus tios, numas férias que por lá passei. Era já tarde e todos já ressonavam, primos e tudo, enquanto eu, de olhos esbugalhados, apaixonava-me para sempre por ela, linda, misteriosa e ruiva. Nasce aqui também o meu fascínio por pessoas ruivas (ai meu Deus, tanta confissão junta; isto começa bem). Lindo filme de Reisz, com um romântico Jeremy Irons e uma não menos romântica e algo gótica também banda-sonora. Ainda hoje o revejo com ternura.


9º: A Cry In The Dark de Fred Schepisi


Inspirado em factos reais acontecidos na Austrália, trata do desaparecimento de uma criança que se supõe ter sido raptada por um dingo, o cão selvagem daquelas bandas. Streep protagoniza o papel da mãe de maneira exemplar, com o sotaque australiano mais genuíno que eu já ouvi uma americana tentar. Não é hoje em dia um filme seu muito celebrado, mas vale muito a pena vê-lo, principalmente pelo retrato de uma família que entra em crise devido ao fenómeno dos mass media que criaram à sua volta (ver: Maddie).


8º: Ironweed de Hector Babenco


Um papel seu ainda mais esquecido (já para não falar do filme, injustamente) onde a miséria tem também um papel principal, visto ser passado nos anos da Depressão. Streep brilha ao lado de Jack Nicholson e depois de termos visto este filme, uma coisa fica como certa: esta mulher não tem medo de aparecer feia no grande ecrã. E isso é lindo de se ver.


7º: Plenty de Fred Schepisi


Se já viram este filme, das duas uma: ou apanharam-no no canal Hollywood aqui há uns anos por acaso, ou então são mesmo fãs desta mulher. Não é realmente dos melhores filmes dela, mas a sua representação de uma mulher britânica que gradualmente vai perder a fé na vida e entrar em marasmo emocional tem tanto de subtil como de fascinante. Este é daqueles que quantas vezes mais o vejo, mais nuances encontro. E Streep raras vezes esteve mais bonita.



6º: The Bridges of Madison County de Clint Eastwood


Um dos seus papéis mais celebrados e muito justamente também. O verdadeiro artista, como diria Tony Silva, é aquele que com a sua arte consegue criar magia quase sem esforço. Ou pelo menos assim parecendo. O que não transparecem são as técnicas elevadíssimas por trás de todo esse processo. Este filme é a suma demonstração disto mesmo que acabo de escrever. Parece muito fácil, mas não é.


5º: Out of Africa de Sydney Pollack


A sua Karen Blixen/Isak Dinesen continua a ser das maiores heroínas românticas do cinema dos anos 80. E com razão. Streep empresta-se a essa apaixonada mulher de tal maneira que a torna também ela num ícone de emancipação feminina de grande relevância histórica. Inspirado na vida real da famosa escritora dinamarquesa, OUT OF AFRICA fica-nos também na memória pelas suas imagens inesquecíveis, embelezadas pela não menos memorável banda-sonora de John Barry.



4º: Death Becomes Her de Robert Zemeckis


Já podemos todos estar fartos deste filme à custa dos canais privados o passarem tanta vez aos fins-de-semana, mas o que é certo é que continua a ser bem divertido. E a palavra aqui é mesmo essa: divertido. Streep prova que também é capaz de outros registos além da heroína romântica e a sua Madeleine Ashton é simplesmente deliciosa na sua arrogância e malícia. E foi aqui que dissemos, "Queremos mais!". E ela fez-nos a vontade. Dos primeiros filmes dela que fui ver ao cinema.


3º: Doubt de John Patrick Shanley


Neste filme não é só Streep que brilha. Por incrível que possa parecer, todos os outros actores também. O que é muito entusiasmante se se é cinéfilo. O seu retrato de uma madre-superiora sem escrúpulos que faz tudo por tudo para desmascarar um padre que não caiu nas suas boas graças, por assim dizer, é assustadoramente genial. Repito: assustador e genial. Merece e muito o bronze deste Top.


2º: The Devil Wears Prada de David Frankel


Só o mero facto de Streep ter sido nomeada para o Óscar de Melhor Actriz Principal num filme onde a verdadeira protagonista (tecnicamente, pelo menos) é Anne Hathaway, quer dizer algo, não é? Não sei como é que ela consegue, mas a sua empatia com os personagens que cria é tal, que mesmo quando faz de bitch-mor (caso em questão) apaixonamo-nos todos outra vez por ela. A sua Miranda Priestley é o sonho de qualquer female impersonator por esse mundo fora, há que dizê-lo.


1º: Sophie's Choice de Alan J. Pakula


Desenganem-se todos aqueles que estavam à espera de ver no primeiro lugar algo como KRAMER CONTRA KRAMER ou MAMMA MIA. Este é de longe o melhor filme de Meryl Streep e um marco na representação feminina no Cinema do século XX. O seu retrato de Sophie, uma sobrevivente do Holocausto, nunca mais nos deixa depois de a conhecermos. Streep está aqui transfigurada. É quase como vermos alguém ser possuído por um outro espírito. E se adoram tanto quanto eu vê-la fazer sotaques como ninguém mais consegue, então aqui têm o Jackpot: experimentem imaginar uma polaca que fala alemão na perfeição e que quando tenta falar inglês, apercebemo-nos de todas essas influências e entonações. Conseguem? Se não, vejam o clip abaixo incorporado e curvem-se em admiração perante a arte desta grande mulher.



P.S. muito brevemente vou poder adicionar mais um filme seu a esta lista. É que Streep prepara-se para encarnar a Dama de Ferro. Oh yeah: Meryl Streep a fazer de Margaret Thatcher! I kid you not!