Drag Me To Hell

segunda-feira, 4 de outubro de 2010


Se o propósito de lançar filmes de terror no Verão é fazer baixar as temperaturas dos corpos dos espectadores, enquanto fazem aumentar as receitas das vendas, programar este DRAG ME TO HELL em Setembro e passado mais de um ano da sua estreia em território americano não me parece de todo muito acertado por parte das nossas distribuidoras nacionais. Mas, e ainda assim, está quase lá. Isto porque o filme consegue o seu verdadeiro propósito: proporcionar entretenimento. E este é intemporal.


Sem desvendar muito a trama, este mais recente filme de Sam EVIL DEAD Raimi envolve maldições, bruxarias, médiums, a inevitável rapariga inocente e muitas situações de puro nojo (leia-se: baba, dentes falsos, vermes e por vezes tudo isto junto na mesma cena). E, caso ainda não o tenham visto numa sala de cinema, então façam um favor a vocês mesmos e vão lá gastar os tais famigerados 5 euritos porque este é um filme para se ver num grande ecrã. Filmado em scope e com uma banda-sonora literalmente arrepiante (aliás, foram raras as vezes em que uma banda-sonora me fez tremer, muito devido também ao altíssimo volume em que a mesma está gravada), DRAG ME TO HELL assume-se como uma viagem na montanha russa e aqui reside o seu principal charme: este filme sabe que foi feito para as massas e cumpre o seu predicado mas sempre com um alto nível de profissionalismo por parte das pessoas envolvidas. Raimi sabe que não é nenhum Lars Von Trier e que este também não é "nenhum ANTICHRIST. E ainda bem, porque não há coisa pior do que querermos ser algo que não somos.


No entanto, tenho uma coisa a dizer: das duas uma, ou a menina Alison Lohman não sabe mesmo representar (há cenas atrozes de embaraço que eu próprio senti pela sua incapacidade dramática), ou então é a melhor actriz do mundo porque conseguiu-nos enganar a todos com a sua suposta nulidade como talento representativo. A meu ver, a primeira hipótese é a mais verosímil. Mas também não se pedia muito do seu papel, além das duas expressões a que é "obrigada" a transmitir: inocência (no sentido de despistanço total acerca do que se passa à sua volta) e terror/nojo (onde gritar e fazer cara feia bastam). E não é preciso grande arte para isto, pois não?

De qualquer maneira, é um filme que se recomenda se estão com saudades de um filme de terror de Hollywood à antiga, mas que não insulta pela sua ineptitude cinematográfica. Este é um filme feito por alguém que sabe o que faz. E isto é raro hoje em dia.