Zibahkhana - Terra de Zombies

domingo, 3 de abril de 2011


(decalcado do grandmasala.com para aqui; não é por nada, mas aqui também fica bem)



Como prometido (e protelado), hoje os comentários vão para o filme muito divertido que vi no Fantasporto deste ano, o gloreouso (gore glorioso) Zibahkhana (Terra de Zombies, em Português).

Há tanta coisa a dizer sobre este filme que confesso nem saber bem por onde começar...

Omar Khan, um dos envolvidos na Mondo Macabro e no Hot Spot, realiza o primeiro filme gore paquistanês, e em grande estilo.

É principalmente uma homenagem a clássicos como o Night of The Living Dead e (maioritariamente) a The Texas Chainsaw Massacre, só faltando as moto-serras.

Tem zombies daqueles novos, não dos que morrem primeiro e voltam mas dos que por algum motivo ficam contaminados/infectados com qualquer coisa. Neste caso com a água que serve as populações rurais.
Durante o filme vemos cenas de afluentes poluídos e de camponeses a recolher a água neles. Vemos cenas filmadas em estilo documental de contestações populares sobre o estado das águas e outras em que se vai adivinhando o avanço da contaminação entre as pessoas.

A lição de não atalhar por caminhos rurais de The Texas Chainsaw Massacre é neste filme esquecida levando os nossos protagonistas a perderem-se num Paquistão profundo e profundamente assustador.
Vicky, Ayesha, Roxy, Simon, e O.J. querem ir a um concerto e para tal alugaram uma carrinha - profusamente decorada com temas de Lollywood, com destaque para o clássico (que eu não vi mas quero muito ver) Maula Jatt.


Por causa de uns ladoo muito famosos (que me pareceu conterem determinadas substâncias estupefacientes) os desventurados amigos fazem um desvio e dão por si, como se quer num filme de terror, perdidos.

O.J. sente-se mal e param para ele se refrescar quando este é atacado por algo - claro está, um daqueles zombies manhosos que por lá andava. E então O.J., com menos um bife na perna, retoma a viagem com os amigos.

Acabam a ir pedir indicações a um tipo com um ar bem suspeito, embora bem trajado à maneira dos faquires sufi que após alguma insistência aquiesce em dar-lhes indicações.
O tipo não só era suspeito como era mesmo um malandro macabro, é só o que vos digo.

E eventualmente a carrinha avaria, à noite, no meio do nada. Típico e sempre bonito de ver em determinado tipo de filmes que revê e homenageia obras de outros autores.

Isso foi uma das coisas que gostei de ver neste filme, a forma como pisca o olho elegantemente aos filmes que decalcou, repetindo os clichés e no entanto mantendo um respeito decoroso pelas obras.

Muito em Zibahkhana é exagerado.

As cores não são muito realistas, são utilizadas objectivas fisheyeem determinados enquadramentos dramáticos e o uso da luz denota claramente um realizador que estudou os "clássicos".
Uma espécie de Robert Rodriguez a fazer coisas mais giras (desculpem-me lá).

E mesmo assim, o filme cumpre o seu propósito de slasher e proporciona entretenimento (ou horror) que chegue e sobre.
Há bastantes cenas com sangue e tripas para todos, sempre muito bem filmadas e (estranha mas eficazmente) não mostrando muito sobre o que estava a ser feito, mas mantendo o interesse/repulsa por parte do espectador.


Interesse/repulsa, e entra o baby, o tipo das mãos papudas com unhas envernizadas que veste uma burqa e que carrega uma maça que envergonharia qualquer cavaleiro medieval. Vemos no decorrer do filme que ele se começa a maquilhar e a pentear como uma rapariga até que finalmente começa a envergar uma burqa, talvez acedendo aos desejos da sua mãe por ter uma filha.

O tipo apesar de não ter grandes falas, impressiona muito pela positiva :)

E depois há os cameos geniais.

Os amigos encontram-se numa gelataria em Islamabad, que não é outra que não a própria Hot Spot.

O senhor que vende os ladoos mágicos é Rehan o vampiro em Zinda Laash - Drácula no Paquistão - e, no filme, um dos amigos pergunta-lhe se ele não é Rehan de facto, facto que este desmente afirmando trabalhar ali desde sempre.

Apesar de eu não me conseguir lembrar, é reportado que um dos zombies que entra no filme foi convencido a cantar para que os realizadores pudessem afirmar conter canções por Muhamad Rafi, um vez que esse era o nome do figurante.

E falando de música, a banda sonora.

Genial, nem mais nem menos!

Uma mistura de música pop da região com efeitos sonoros dignos de qualquer giallo - aliás, não sei se não será igualmente uma referência ao cinema italiano o uso do overdub em todos os diálogos, que foram realizados no estúdio do realizador meses depois das filmagens.
Algumas das músicas da banda sonora encontram-se na iTunes Music Store sob o nome de Baby and the Burquettes.

Só vos posso recomendar que, podendo e apreciando o género, o vejam quanto antes.

Se o próximo, Mauthala ainda em fase de produção, for tão bom quanto este, de certeza que o verei também.