Eros+Revolta na Culturgest

sábado, 16 de maio de 2009



Ainda vão a tempo de assistirem ao excelente ciclo dedicado à Nova Vaga do Cinema Japonês dos anos 60 promovido esta semana pela Culturgest. Todos eles grandes filmes e a um preço mais do que acessível por sessão: 3,50€. Fica aqui a apresentação do programa e respectiva lista de filmes. Aproveitem!

Em 1960, ao mesmo tempo que se discutia com enormes manifestações de rua a renovação do tratado de defesa nipo-americano, um tsunami ocorreu no cinema: chamaram-lhe então Shochiku Nabero Bagu, compósito singular porque a Shochiku era (e é) uma das grandes empresas cinematográficas japonesas e Nabero Bagu é a transcrição fonética da pronúncia japonesa de Nouvelle Vague. Nagisa Oshima sobretudo, Masahiro Shinoda e Yoshihige Yoshida foram os autores emergentes dessa “nova vaga”, enquanto Shohei Imamura se inicia na realização noutro estúdio, a Nikkatsu.
Ao contrário dos seus contemporâneos nos diversos novos cinemas dos anos 60, os japoneses, pelo menos aqueles de maior relevo, ainda passaram, num ápice, pelo tirocínio de assistentes de realização. Mas foi o próprio ocaso do sistema de estúdios em que se fundara o cinema clássico japonês, de Mizoguchi, Ozu ou Naruse, ou a geração humanista do pós-guerra, a de um Kurosawa, que fez com que tão precocemente, pelas normas desse sistema, se estreassem esses realizadores – para os estúdios urgia fazer filmes para um público jovem. Quase de imediato se dá a ruptura, apenas Seijun Suzuki (cineasta um pouco mais velho) permanecendo ainda alguns anos no seio do sistema, nas bordas do pinku eiga, o cinema erótico, e a fundo no Nikkatsu Action, de um modo todavia profundamente original.
O questionamento da sociedade japonesa, as pesquisas formais e a quebra de tabus figurativos de ordem erótica tornaram as sequelas da Nabero Bagu num dos pólos mais radicais dos novos cinemas dos anos 60.
Neste ciclo apresentam-se filmes de todos os autores maiores, em termos de ficção, com destaque justificado para Oshima mas também para o génio iconoclasta de Suzuki (autor que Quentin Tarantino amplamente “citou” em Kill Bill) realizador assim finalmente apresentado em Portugal.





Filmes legendados em inglês, excepto O Enforcamento que será legendado em português.



Terça-feira 12

18h30
O Enterro do Sol (Taiyo no hakaba)
de Nagisa Oshima, 1960, 16mm, 1h27
21h30
Noite de Nevoeiro no Japão (Nihon no yonu tokiri)
de Nagisa Oshima, 1960, 16mm, 1h47




Quarta-feira 13

18h30
Sobre as Canções Brejeiras Japonesas (Nihon shunka ko)
de Nagisa Oshima, 1967, 16mm, 1h43
21h30
As Termas de Akitsu (Akitsu Onsen)
de Yoshishige Yoshida, 1962, 35mm, 1h52




Quinta-feira 14

18h30
A Mulher-Insecto (Nippon konchuki)
de Shohei Imamura, 1963, 35mm, 2h03
21h30
Intenção de Matar/Desejo Profano (Akai Satsui)
de Shohei Imamura, 1964, 35mm, 2h30



Sexta-feira 15

18h30
Go, Go, Second Time Virgin (Yuke yuke nidome no shojo)
de Kôji Wakamatsu, 1969, 1h05
21h30
O Funeral das Rosas (Bara no Soretsu)
de Toshio Matsumoto, 1969, 16mm, 1h45



Sábado 16

15h30
A Porta da Carne (Nikutai no mon)
de Seijun Suzuki, 1964, 35mm, 1h30
18h30
Elegia da Luta (Kenka erejii)
de Seijun Suzuki, 1966, 35mm, 1h26
21h30
O Vagabundo de Tóquio (Tokyo nagaremono)
de Seijun Suzuki, 1966, 16mm, 1h23




Domingo 17

15h30
Duplo Suicídio em Amijima (Shinju ten no Amijima)
de Masahiro Shinoda, 1969, 16mm, 1h45
18h30
O Enforcamento (Koshikei)
de Nagisa Oshima, 1968, 35mm, 1h57
21h30
Eros mais Massacre (Erosu Purasu Gyakusatu)
de Yoshishige Yoshida, 1969, 35mm, 2h47