Encarnação do Demónio

domingo, 28 de junho de 2009


Zé do Caixão está de volta e melhor do que nunca. O infame personagem criado por José Mojica Marins volta aos grandes écrãs após uma longa ausência e os anos parecem que não passaram por ele: continua polémico, herege, confrontador, messiânico, poderoso no seu atrevimento. Desenganem-se aqueles que pensam que cão velho não aprende truques: Marins é a excepção à regra.

30 anos volvidos em encarceramento, Zé do Caixão é posto em liberdade e logo se faz reunir de um grupo de devotos fãs que o vão ajudar a pôr em prática o seu plano mestre que esteve dormente este tempo todo: encontrar a mulher que seja capaz de conceber o filho perfeito, uma meta que persegue há décadas. Será que é desta? E mais não digo.

Se Marins não fizer mais nenhum filme, este poderá funcionar perfeitamente como o seu filme testamento, tal é a sua qualidade e tais são os horrores que consegue atingir com as imagens criadas. Esqueçam SAW ou outros sucedâneos do género Torture Porn, tão em voga nos dias de hoje. Os jovens realizadores actuais deviam dar uma espreitadela a ENCARNAÇÃO DO DEMÓNIO para ver como é que as coisas se fazem. Com conteúdo e sabedoria. Porque não basta só criar imagens violentas. Há que quebrar barreiras e mexer com as morais que nos regem. Só assim é que o impacto é maior. Marins faz isto tudo e muito mais neste seu novo opus.

Só para corajosos. E para amantes de cinema de extremos.