Pervert

Espantados com o título e com o poster? Têm toda a razão para isso. Este filme não é mesmo para gostos refinados ou para cinéfilos snobs. É, isso sim, para quem goste de Russ Meyer e de bom cinema. Ou seja, para muita e boa gente.

PERVERT é uma homenagem feita por Jonathan Yudis (que desempenha neste seu primeiro filme também ele um papel, o de um mecânico hillbilly com a mania que é gangsta rapper) ao cinema do grande e saudoso Meyer, o Fellini rural, como chegou a ser apelidado. O nome assenta-lhe como uma luva, aliás, visto que Meyer gostava de mulheres avantajadas e imensas, tal como Fellini, e normalmente os seus filmes eram filmados ao ar livre, com essas mesmas beldades em completo contacto e comunhão com a natureza.

Yudis compreende a fundo o que fazia Meyer ser tão diferente de um qualquer outro exploitationer: o seu sentido de enquadramento (como se de um quadradinho de banda desenhada se tratasse, estático e perfeitamente preenchido), o seu ritmo de montagem muito particular (ao estilo MTV, frenético e hipnótico, décadas antes do famoso canal de televisão aparecer) e os textos hiperbólicos e cheios de aliterações e innuendos sexuais. Está tudo aqui neste PERVERT e, só por aí, este filme define-se como uma das mais bem conseguidas homenagens de um realizador a outro. O enredo é completamente ridículo e assumidamente nonsense, com muito sexo, gore e nudez à mistura. Sim, leram bem: gore. É que há de tudo: perversões sexuais, um assassino improvável, muito derramamento de sangue, imagens impróprias para vegetarianos, enfim, um verdadeiro cocktail molotov cinematográfico.

É pena que não haja nem trailer, nem um mero clipzinho disponível online (a razão para tal escapa-me), porque aí iriam ter um pequenino aperitivo deste banquete para pessoas com estômagos resistentes. No entanto, resolvi deixar-vos com o trailer de CHERRY, HARRY & RAQUEL do falecido Russ Meyer, visto ser o filme que, a meu ver, se assemelha mais a PERVERT. Enjoy! Ah, quase me esquecia: a menina do poster é nada mais, nada menos do que Mary Carey, a ex-candidata a governadora da Califórnia, conhecida também pela sua carreira no mundo da pornografia. Eu disse-vos que isto era bom, não disse?