Double-feature: Taking Woodstock + Woodstock

terça-feira, 22 de setembro de 2009



Uma nova rubrica acabadinha de estrear aqui no Maus da Fita: a Sessão Dupla. Surgiu-me esta ideia quando estava a ver o novo filme de Ang Lee no cinema com um amigo de longa data. É que o filme de Lee é tão fiel no retratar do ambiente, cenários e personagens da época em que se insere a trama da história que mais parecia que estavamos a ver um making-of do mais mítico dos festivais. Até comentei que se passassem o agora lendário documentário logo a seguir ao novo filme de Lee seria a experiência perfeita.

Mas confesso que entrei para a sala de cinema com algumas reservas. Como é que Lee, sendo chinês, se iria interessar por relatar todo o background que antecedeu a Woodstock, uma referência mais americana do que o hamburger ou o Cadillac (ou, pelo menos, tão americana)? As razões tornaram-se evidentes à medida que o filme se ia desenvolvendo. Uma das temáticas favoritas de Lee sempre foi a família e as relações pais/filhos. Ora, em TAKING WOODSTOCK, há uma típica relação dessas que chega a ser tão caricata em partes que mais parece que estamos a ver uma qualquer série TV. Mais há mais pormenores que eu aqui não desvendo para não estragar o filme, mas acreditem que vale mesmo a pena. O único senão é que, se estão à espera de ver um filme com a carga emocional de BROKEBACK MOUNTAIN ou com a beleza e a graça de CROUCHING TIGER HIDDEN DRAGON, podem desde já tirar o cavalinho da chuva. Lee é um iconoclasta, alguém que quebra barreiras em cada filme que nos apresenta e este TAKING WOODSTOCK não é diferente.

Despeço-me com um bocadinho de trivia: sabiam que um dos editores que ajudou à montagem das mais de 3 horas e meia de WOODSTOCK foi nada mais, nada menos do que Martin Scorsese? Pois é, é de baixo que se começa.