Histoire d' O

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Eu sei que já estamos em Dezembro e que este filme não é propriamente muito natalício, mas já há muito tempo que queria escrever sobre ele e agora parece-me tão boa altura como outra.

Adaptado da obra homónima de Pauline Réage, HISTOIRE D’O é um clássico do cinema erótico dos cada vez mais míticos anos 70 e um objecto de culto nas comunidades BSM (Bondage Sadism Masochism para quem não sabe). Pensando bem, não é assim tão descabido que eu esteja a abordar este filme nesta altura, visto ter encomendado o mais famoso livro sobre esse tema já escrito: Venus in Furs, de Leopold von Sacher-Masoch, o tal senhor que deu origem ao nome Masoquismo, quando utilizado por um psicólogo para descrever esse tipo de comportamento sexual. Mas acho que ainda não é desta que me vão começar a ver com calças de napa preta e a comprar máscaras manhosas com aqueles fechos a taparem os olhos e a boca. Não, decididamente. Mas mudemos de assunto e passemos ao filme, sim? Pois.

Just Jaeckin foi o seu realizador e, na altura, era realmente o “right man for the job” depois do sucesso mundial obtido com o ainda mais célebre EMANNUELLE. Tendo vindo do mundo da fotografia, os seus filmes caracterizavam-se por um extremo cuidado visual e atenção a detalhes como a iluminação, o guarda-roupa e os cenários. E são realmente estes pormenores que tanto tornam o filme charmosamente datado, como únicos e representativos de uma época. HISTOIRE D’O, no entanto, foi criticado pela maneira um tanto ou quanto fashion e light com que tratou o tema. Eu sinceramente não partilho dessa opinião porque acho que o filme tenta retratar de uma maneira sedutoramente visual o mundo, por vezes, sórdido que caracteriza estes particulares círculos sociais.

Quanto à história da nossa “O” (nome de código que a heroína do filme vai assumir enquanto submissa do seu “dono”), é passada entre castelos, mansões e casas de campo, onde a alta roda se dedica a estes bizarros jogos de poder e submissão. Olhem, se eu tivesse assim tanto dinheiro como eles, também saberia divertir-me, isso vos digo! Ah, o luxo de não se ter nada para fazer! Bem, mas voltando à “O”, digamos que a mocita se sai muito bem, passando os difíceis ritos de iniciação e subsequentes provas cada vez mais exigentes de submissão. Pelo meio, temos Udo Kier, o famoso actor alemão de culto como sotaque inglês mais reconhecível do mundo (só é pena que aqui esteja dobrado…). E antes que me esqueça, uma especial menção à Banda Sonora Original de Pierre Bachelet que é das melhores coisinhas já feitas para um filme erótico ou de outro qualquer género.

Para terminar, deixo-vos com esta curiosidade: o livro de Pauline Réage (também este uma espécie de nome de código, ou pseudónimo) pelos vistos é parcialmente autobiográfico, tendo a autora se servido das suas próprias experiências pessoais para escrevê-lo. Só tenho uma coisa mais a dizer acerca disso: Ah, ganda maluca!